Ana Carolina: uma voz que vale ouro

Em menos de um ano, disco sem concessões comerciais da estreante cantora mineira bateu a marca das 100 mil cópias vendidas. Ela comemora o feito sábado, no palco do ATL Hall (Rio)
Há uma nova voz entre os grandes vendedores de discos do Brasil. Grave, firme e cheia de personalidade. Poucos são os que ainda não ouviram uma música dela: Garganta, Tô Saindo, a balada Nada pra Mim, a versão bluseira de Retrato em Branco e Preto... De hit em hit, show em show, a mineira de Juiz de Fora AnaCarolina chegou lá: com menos de um ano de lançado, seu homônimo disco de estréia bateu a marca das 100 mil cópias vendidas, ganhando, conseqüentemente, um disco de ouro.

O feito, tão incomum para discos de novos artistas, ela comemorou sábado, dia 17, no palco do ATL Hall (Rio de Janeiro). Amadrinhada por Zezé Motta no começo da carreira, Ana agora dividiu o show com Marina Lima, uma de suas mais novas admiradoras. "Marina é uma cantora única e uma grande compositora. Existe um elo muito forte entre nós duas no lance da personalidade, no critério de escolher as músicas e de arranjá-las", diz.

Violonista e pandeirista, Ana não abriu mão da autonomia ao gravar seu disco, que teve produção do baixista Nilo Romero – é dela a concepção dos arranjos de boa parte das faixas. "Fiz o que estava a fim de fazer", conta. "E quando se trabalha com verdade, fica-se muito satisfeito." Mais do que com cifras e montantes, a cantora de 25 anos de idade diz estar feliz mesmo é com o fato de ter levado a um público jovem (e não só àquele malfadado nicho do adulto contemporâneo) duas músicas de Chico Buarque: oRetrato em Preto e Branco (parceria com Tom Jobim) e Beatriz (com Edu Lobo).

Paixão pela canção
Mas nem só de medalhões é feita a dieta de intérprete de Ana. Com Garganta, ela revelou para o país o talento do compositor Totonho Villeroy. "Se tivesse que gravar um disco só de um autor, seria dele. Ele é um cara que leva a música a sério há muito tempo", elogia, feliz de ter ouvido em suas andanças um sujeito do Sul, como Totonho "sendo cantado por alguém no Ceará". Uma máxima, aliás, orienta a cantora: "Se a canção é boa, pode ser do Zé das Couves. Gosto de músicas, não de nomes."

Na gaveta de Ana Carolina estão agora, à espera de gravação, músicas inéditas de Adriana Calcanhotto, Vanessa da Matta, Mu Chebabi e Max de Castro. Isso, para não falar nas suas próprias composições, que são várias (no disco, ela gravou Armazém, A Canção Tocou na Hora Errada e O Avesso dos Ponteiros). Disco novo, porém, só em 2001. "Esse disco ainda tem muito fôlego. Não acho que ele seja um grande sucesso em termos de Brasil. Temos 150, 160 milhões de habitantes! (risos) Estou com shows marcados até outubro, só depois entro em estúdio. Mês que vem, inclusive, apresento-me na França", conta.

Para a noite no ATL Hall, Ana preparou uma novidade percussiva em Armazém: "Chamei cinco pandeiristas para tocá-la comigo, os caras que eu acredito serem os melhores do mundo – Marcos Suzano, Bani, Murilo O´Reilly, Jovi Joviniano e Marco Lobo." O cenário do show (criado por Luís Stein), por sinal, é um grande armazém de interior, com aqueles produtos corriqueiros, como água sanitária e biscoito de polvilho. "É uma homenagem a Minas e uma forma de mostrar o grande valor das coisas simples e pequenas", diz.


Fonte: Clique Música

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