Ana Carolina eleva a dor em seu novo disco

Pop, rock, MPB, romantismo, baladas, samba, bossa nova, embolada e até dance music.
Ana Carolina não faz cara séria só na foto.
Em seu novo disco,Estampado, a cantora mineira aposta
em músicas de carga emotiva muito forte, como É Mágoa.
“Neste disco falo de coisas que aconteceram,
de experiências, mágoas”, diz ela
Toda essa mistura cabe perfeitamente no caldeirão sonoro que Ana Carolina apresenta em seu terceiro CD,Estampado (BMG). Como explicar que tantas coisas diferentes cabem em uma pessoa? A pergunta é da própria Ana Carolina, e é ela mesma que dá a resposta.
“Eu acho possível que isso aconteça”, diz a cantora, em coletiva no Rio. “Por isso o disco tem esse nome. Faço canções diferentes, mas que cabem dentro de um mesmo tecido, como as cores. Não gosto de discos repetitivos. Estampado é um disco com texturas diferentes.”


Ana Carolina lança Estampado mais de dois anos depois de Ana Rita Joana Iracema e Carolina, disco que vendeu quase 500 mil cópias graças ao estouro do mega-hit Quem de Nós Dois, uma das músicas mais tocadas em 2001. Como aconteceu com a Anna Julia dos Hermanos, a Carla do LS Jack e a Festa de Ivete Sangalo, a execução maciça da música acabou esgotando a artista, que, para se reciclar, deliberadamente ficou um longo tempo preparando o novo trabalho. O resultado foi um disco com mais canções autorais – 13 das 15 faixas são assinadas por ela, sendo seis sozinha – e com mais emoção do que nunca.
“Me afastei bastante do trabalho anterior, fiquei muito tempo sem gravar. Precisava me esvaziar”, diz Ana Carolina, que, se em trabalhos anteriores gravou versões de ídolos como Chico Buarque (Retrato em Branco E Preto e Beatriz), desta vez preferiu gravar apenas canções novas – apenas uma não é inédita, Pra Rua Me Levar, que ela fez para Maria Bethânia gravar em Maricotinha. “Tive quatro regravações no primeiro disco, duas no segundo. Adoro, mas neste fiz uma coisa mais autoral, mais inédita, mais honesta.”

A cantora acredita que Estampado é o mais confessional de seus três CDs. “Antes eu usava mais a imaginação que a emoção. Neste disco falo de coisas que aconteceram, de experiências, mágoas”, diz Ana Carolina, que, inclusive, compôs uma música chamada É Magoa, repleta de sentimentos pesados como mostra a estrofe “Eu só não consegui foi te acertar o coração / Por que eu já era o alvo / De tanto que eu tinha sofrido / Aí nem precisava mais de pedra / A minha raiva quase transpassa / A espessura do seu vidro”.
Autora de verdadeiras “bombas” repletas de carga emocional como Garganta e Eu Nunca Te Amei Idiota, Ana Carolina destaca a balada que abre Estampado, Hoje Eu Tô Sozinha (“Hoje eu tô sozinha / Não sei mais se levo ou me acompanho / Mas se eu perder, eu perco sozinha / Mas é que se eu ganhar / Aí é só eu que ganho”), como a música mais confessional deste disco. “Eu adoro a solidão. Às vezes, quanto mais gente me cerca, mais me sinto só”, afirma a cantora.
A primeira faixa de trabalho, Elevador (Livro de Esquecimento) – música com levada roqueira, no estilo de Garganta, também composta por Ana – é outro exemplo de como a cantora usa as palavras para expressar seus sentimentos. Dona do polêmico refrão “Eu subo pro alto pra provar que é amor / Eu vou de escada pra elevar a dor”, considerado por muitos como um trocadilho primário, a música guarda estrofes agressivas como “Então me lanço, me atiro em frente ao seu carro / E aí você decide se é guerra ou perdão / Se na vida eu apanho, outras vezes eu bato / Mas trago a minha blusa aberta e uma rosa em botão” e “O tempo do passado tá em outro tempo / Lembrando de nós dois num instante que não pára / Viver é um livro de esquecimento / Eu só quero lembrar de você até perder a memória”.
Ana diz que a música é a sua cara. “Eu a escolhi para ser a primeira faixa de trabalho. É uma música verborrágica, reclamona, que mostra o meu jeito de viver, de me comportar”, revela a cantora.

Outra faixa que poderia ser considerada “baseada em fatos reais”, a embolada Vox Populi, mais uma canção autoral, é considerada pela cantora como uma brincadeira. Nela, Ana Carolina – que, como boa mineira, diz “ouvir mais que falar”, a ponto de se mostrar pouco à vontade na coletiva – aborda exatamente a mania das pessoas de falar da vida alheia, em versos como “O povo fala, o povo fala mesmo / Andam dizendo que eu meto a mão / Eu toco forte, eu furo o couro / Eu mando bala, eu meto a cara / Mas eu não fujo do combate”. “Muitas pessoas dão depoimentos bombásticos nos jornais, só para as pessoas falarem. E elas falam mesmo. As pessoas têm uma necessidade grande de comentar as coisas”, diz Ana, que, sozinha, compôs ainda Vestido Estampado, um samba meio bossa nova, e a balada romântica Encostar na Tua.


Fonte: EGO

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