Ana Carolina, Alcione e Bethânia soltam a voz



Três vozes poderosas encerraram a temporada 2001 dos Concertos MPBr na noite de quarta-feira num Canecão transbordante de fãs alucinados. Ana Carolina, Alcione e Maria Bethânia deram uma interpretação passional a "Fera ferida" em final apoteótico. Foram aplaudidas de pé e de cima das cadeiras por gente absolutamente hipnotizada pelo que acabara de acontecer. "Morri, morri, meu Deus, muito obrigado, eu vi isso, c*, c*,'' blasfemava uma delas em moto contínuo, abanada pelas colegas. Os oito concertos no Rio realizados desde maio foram vistos por 19 mil pessoas que pagaram apenas 10 reais pelo ingresso. O projeto, iniciado ano passado no Rio pela produtora Maria Luisa Jucá, com o patrocínio da Br Distribuidora, está sendo levado este ano também a São Paulo, Porto Alegre e Brasília.

O encerramento na quarta teve um contratempo. O sistema de som pifou na hora da passagem de som, teve que ser remontado e, às 19h30, com uma multidão do lado de fora, Maria Bethânia ainda estava passando o som. Os trabalhos começaram com uma hora de atraso e um grave defeito técnico. O volume estava altíssimo, mais para um show do Sepultura do que de uma cantora de MPB. Os graves saturavam as caixas de som, o microfone de Ana assobiava, um monte de gente na platéia tapou os ouvidos enquanto Ana, alheia aos problemas, abria com "Dadivosa", a faixa de seu novo CD "Ana Rita Joana Iracema Carolina" com récita de Bethânia (pré-gravada).

Sentada numa cadeira alta, ainda por conta das sequelas de um acidente de carro em maio, ela emendou com a faixa-título e deu o boa noite, ressaltando, como todos os artistas, a importância da série que leva shows completos a preços populares, encheu a bola de Jucá, que no fim do show flutuava a meio metro do chão, e foi em frente com uma enfiada de hits de seus dois discos. Se perdeu a mobilidade, Ana não teve prejuízos na voz, que vai dos graves aos falsetes com uma facilidade incrível, mas continua modulando em excesso, uma exagero de quem quer se afirmar.

A platéia inteira entoou "A canção tocou na hora errada", deu um breque na nova música de trabalho, "Pra terminar", de Herbert Vianna, e riu com as brincadeiras do percussionista Da Lua ao berimbau em "Implicante", com Ana na voz e no pandeiro. Além de desfilar cheio de marra pelo palco, como manda o título da canção, ele também deu uma encoxada em Ana. Mais adiante, em "Eu nunca te amei idiota", ela e o guitarrista Elder Costa grudaram as bocas num longo beijo. Ana brincou com a platéia, mandando os casais se xingarem de idiota.

Em "Garganta" adentrou a poderosa Alcione, muito aplaudida, que cantou e depois se dirigiu a Ana. "A primeira vez que ouvi falar de você foi através de minha irmã, Solange, que disse que tinha uma cantora nova que era o cão. Eu ouvi e disse, 'Solange, ela é o cão', e olha eu hoje aqui na coleira.'' As duas fazem um medley de samba, Ana no pandeiro e voz, Alcione dividindo-se entre vocal e um trumpete piccolo em solos meio tremidos.

Mais adiante, Bethânia entra para dar um presente a Ana: canta "Pra rua me levar", música dela e de Totonho Villeroy que gravou em seu novo CD, "Maricotinha", e que canta pela primeira vez em público "sem ensaiar mas com o coração na mão." Ana divide os vocais com ela, as duas de mãos dadas em total enlevo. A diva se vai e Ana emenda alguns hits, incluindo o mega "Quem de nós dois", faz uma brincadeira picante em "Garganta", encerra e volta com "Tou saindo".

Daí chamou as suas divas para o encerramento com "Fera ferida". Os Concertos MPBr prosseguem com quatro shows em Porto Alegre no mês de setembro com Lenine, Ana Carolina, Ed Motta e Cássia Eller. O encerramento é em outubro na capital paulista com três shows de Elba Ramalho, Cássia e Alcione. Os 21 shows nas quatro capitais serão vistos por 90 mil pessoas.


Fonte: Jamari França- Globonews

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