Sucesso - Pinceladas musicais

Leandro Pimentel
“Faço telas para os amigos, até parede já pintei”, diz Ana Carolina

A cantora e compositora Ana Carolina lança CD com músicas inspiradas em telas pintadas por ela que fazem parte do encarte do disco

Com a voz e o violão, a cantora Ana Carolina, 28 anos, já vendeu mais de 550 mil cópias de seus dois primeiros discos – Ana Carolina (1999) e Ana Rita Joana Iracema Carolina (2001). Para o terceiro CD, Estampado, que já vendeu 100 mil cópias desde agosto, ela lançou mão de outro recurso. Foi pintando telas carregadas de grafismo, num ateliê improvisado em seu apartamento, que a compositora deu as pinceladas finais nas 15 músicas do disco. “Tenho que ver as músicas que faço, é meio neurose mesmo”, explica, bem-humorada.

Exibidas em parte no encarte do novo CD, as telas foram todas criadas da mesma maneira. De posse das primeiras gravações das músicas feitas em estúdio, só com sua voz e violão e sem os demais arranjos, Ana escutava as canções enquanto pintava. “Prestava atenção no quadro mas a música estava ali. Dava um distanciamento maravilhoso para que surgissem idéias de como deveria ser a cara da canção”, explica. A cantora já tinha experimentado a técnica no segundo disco, mas com outro estilo e sem a mesma assiduidade. “Ali não era tinta. Era spray, pichação mesmo, sem essa história de fazer uma tela para cada música”, diz ela, autora – sozinha ou em parceria – de 13 das 15 músicas do novo disco.

“O Seu Jorge diz que sou meio forte, grandinha, e que não levo desaforo para casa. E ele tá certo. Não levo mesmo’’Ana Carolina
As novas parcerias são uma história à parte. Com Chico César, um encontro em São Paulo para a compra de um novo violão rendeu a música “Mais Que Isso”. Numa loja de instrumentos, Ana cantarolava a letra que não tinha conseguido terminar cada vez que experimentava um violão. Ao saber que aquela era uma música inacabada, Chico se interessou. No mesmo dia, os dois foram para a casa do músico em São Paulo e, no dia seguinte, a letra estava pronta. “Foi uma parceria bem fluida, como se um tivesse se vestido do outro sem perceber”, conta Chico César.

Sintonia parecida aconteceu com Seu Jorge, com quem fez “Não Fale Desse Jeito” e “Beat da Beata”. A primeira, uma brincadeira do músico com o estilo “bateu, levou” da parceira. “O Seu Jorge diz que sou meio forte, grandinha, e que não levo desaforo para casa. E ele tá certo. Não levo mesmo”, diverte-se a cantora. Amigos desde a cerimônia do Prêmio Multishow em 2001, quando os dois abandonaram seus camarins para ficarem num outro, cantando sambas antigos de Donga e João da Baiana, Ana e Seu Jorge fizeram as duas músicas numa noite de bate-papo na casa da cantora.

Entrosada com os novos parceiros, a cantora ainda desfruta de prestígio com antigos ídolos. João Bosco, Maria Bethânia e Chico Buarque marcam presença no seu DVD, que tem ainda um show improvisado de Ana Carolina em pleno centro do Rio de Janeiro. “Foi como uma volta aos meus 15 anos em Juiz de Fora, quando tocava o dia inteiro com minha turma, na rua”, diz a compositora mineira.

No Rio de Janeiro há quatro anos, ela não esconde a forte ligação com a cidade onde foi gerada. “Minha mãe se mudou para o Rio para tentar se separar do meu pai. Só que ele vinha, dava flores, e o negócio ficou quente”, conta a cantora, que, pelo menos na cidade onde mora, já pode pensar em tentar uma nova carreira. “Faço telas para os amigos, até parede já pintei. Ainda não ganhei nada, mas daqui a pouco já posso fazer uma exposição”, finaliza, rindo, a pintora amadora.


Fonte: IstoÉ

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