Para alívio dos fãs, repertório de Ana Carolina ainda tem "voz e violão"


Por Luciana Oliveira

Ana Carolina sempre é recebida de braços abertos no Recife, mesmo que não tenha dado tempo de sentir saudades dela. O último show na cidade, aliás, foi ainda em novembro no ano passado, com a turnê Estampado. Mas dessa vez, com dois hits emplacados nos folhetins de horário nobre da Rede Globo (Carvão, interpretado por ela mesma, e Ruas de Outono, de quem é co-autora), deu a impressão de que o Chevrolet Hall nunca esteve tão cheio para receber a mineira quanto no último sábado (18).

Depois dos 40 minutos da apresentação da pernambucana Nós Quatro, os fãs tiveram que esperar até pouco antes da meia-noite para que Ana Carolina subisse ao palco com sua turnê do novo disco Dois Quartos. O atraso foi motivo de vaia e zum zum zum. Segundo os comentários na platéia, adiar o início do show já é praxe da cantora. Mas quando ressoaram os primeiro acordes e dissiparam-se as reclamações, a tirar pelas expressões um pouco constrangidas, talvez atônitas e, principalmente, curiosas, a platéia parecia a um triz de exclamar “Carolina tarda, mas não falha”.

Os fãs recifenses não negam: a cada apresentação eles esperam a Ana Carolina voz grave e violão afinado, MPB de barzinho, happy hour de noite de sexta-feira. Aquela Ana Carolina do começo da carreira, no final da década de 90, que entoava um couro sentimental com sucessos com Confesso. Dessa vez, porém, a apresentação teve direito haste do microfone atirado ao chão do palco e, principalmente, insinuações nada discretas de seu universo bissexual, já escancarado em capa de revista de circulação nacional.

É que a mineira abriu o show com um pot-pourri que incluía uma das faixas do novo CD, Eu Comi a Madona, acompanhado de cenas no telão, ambientadas em algum momento como a década de 30. Enquanto isso, Ana Carolina fazia sua nova apresentação mais performática do que nunca, agachando-se e fazendo gestos, caras e bocas. É essa abertura que tem sido motivo de polêmica no eixo Rio-São Paulo, por onde a turnê já passou. Mas os fãs acreditam que o vídeo exibido no Recife foi editado e algumas cenas, censuradas. Resultado: as moças de roupa íntima brincando num quarto pareceram mais meigas do que sensuais, como andava alardeando a imprensa.

A noite do último sábado foi o dia de outra primeira vez, além dessa performance ousada. Foi a estréia da mineira ao pé de um piano em palcos recifenses, durante a interpretação do sucesso É Isso ai. A música é uma versão assinada por Ana Carolina e Seu Jorge para a música-tema do longa americano Closer.

O show deste final de semana foi dedicado às músicas do novo CD e a apresentar ao público pernambucano as novidades na carreira de Ana Carolina. E como a tendência é ser mais comercial do que intimista, Carolina não mediu esforços para agradar a gregos e troianos. Até os fãs que não abrem mão da Ana Carolina em sua primeira versão, quem diria, ganharam capela, pandeiro, coro de Louca Tempestade, de Garganta e, claro, de Confesso.

Fonte: Jornal Diário de Pernambuco

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