Patricia Palumbo conta curiosidades do livro "Vozes do Brasil" no Bate-papo UOL

O jornalista Marcelo Tas recebeu, no Bate-papo UOL com Convidados desta terça-feira, a também jornalista Patrícia Palumbo, que lança o segundo volume do livro "Vozes do Brasil", que traz entrevistas especiais com músicos como Rita Lee, Tom Zé, Nando Reis, Mônica Salmaso e Pato Fu.

A autora do livro contou curiosidades como quando foi recebida por Rita Lee, de luvas e pantufas em seu estúdio, ao lado de uma boneca inflável, num dia de inverno rigoroso em São Paulo. O dia da entrevista com Elba Ramalho, em sua casa em meio a floresta no Rio de Janeiro, também foi lembrado.

Patricia é apresentadora do programa de rádio homônimo ao seu livro e, há 10 anos, entrevista importantes nomes da música brasileira. Até hoje, a radialista diz que se surpreendeu com o trabalho de Jorge Vercilo, cantor e compositor que não fazia parte de seu repertório e conseguiu cativá-la durante uma entrevista.



(02:39:58) Marcelo Tas: Patrícia Palumbo é jornalista especializada em música e apresenta há dez anos o "Vozes do Brasil", da Rádio Eldorado FM. Ainda na Rádio Eldorado FM e AM, apresenta o programa "Planeta Eldorado". É apresentadora do programa "Instrumental Sesc Brasil" - na rede STV, Canal 92 Net SP e RJ - e do "Conversa Afinada", pela TVE Brasil.

(02:40:35) Patricia Palumbo: O programa Vozes do Brasil vai fazer dez anos agora...

(02:40:41) Marcelo Tas: Como programa de rádio, há quanto tempo existe o Vozes do Brasil?

(02:42:05) Patricia Palumbo: O Vozes do Brasil nasceu de uma grande sorte que eu tive. Eu fui ocupar um horário na extinta Musical FM que era no horário da Voz do Brasil. E no lugar da Voz do Brasil, Vozes do Brasil... Aí a história começou e foi até hoje.
(02:42:27) Patricia Palumbo: Sobre o roteiro: Cada dia é uma música diferente, mas hoje não me dá mais tanto trabalho... Eu vou ao ar com uma música na cabeça e as outras vão pintando...

(02:42:21) Marcelo Tas: Como foi a reencarnação dele em outras mídias?
(02:44:26) Patricia Palumbo: O Vozes do Brasil estava no ar todo dia, mas começou a me dar uma neura de estar só indo para o ar. Por exemplo, estou fazendo uma entrevista incrível e vai para o ar e depois nunca mais. Eu estava conversando com o Ed Motta que ele me disse que para eu ir em sua casa, mas eu disse que iria gravar. E comecei a fazer esta mesma propostas para vários artistas frequentadores do Vozes do Brasil...
(02:45:47) Patricia Palumbo: Sobre o livro "Vozes do Brasil - Vol. II": É um timaço mais eclético do que o primeiro que tinha tribos vizinhas. Neste temos, por exemplo, o Pato Fu e Ana Carolina, Elba Ramalho e Nando Reis. Neste segundo volume eu depurei a técnica, as entrevistas levaram um pouco menos de tempo, de duas a três horas.

(02:46:46) Marcelo Tas: Qual o músico que mais te surpreendeu?


(02:48:19) Patricia Palumbo: São tantos... mas eu tive uma experiência curiosa, por exemplo, com o Jorge Vercilo. O entrevistei no programa Conversa Afinada e vi um cara extremamente bem posicionado que faz harmonias inusitadas no violão.

(02:48:21) Marcelo Tas: O que você ouve nas horas vagas?


(02:49:35) Patricia Palumbo: Eu ouço Thelonious Monks. As sua sessões ao piano são muito bem arejadas. Ouço Cole Porter, Schubert, coisas assim. Eu toda a semana faço o Sesc Instrumental.
(02:50:47) Patricia Palumbo: O Sesc Instrumental vai ao ar pela TV Sesc de segunda a sexta toda a noite. O Conversa Afinada vai ao ar pela TVE e na Rádio Eldorado no Super Oito toda quarta-feira. No AM faço Planeta Eldorado, um programa sobre ecologia.

(02:50:58) Marcelo Tas: Quais são as regiões do Brasil para onde você viaja para ouvir música nativa?


(02:51:46) Patricia Palumbo: Eu já rodei bastante e uma das viagens mais interessantes foi em São Luis do Maranhão na festa do boi. E cada vez que viajo eu procuro música local.

(02:52:03) Marcelo Tas: Vai levar o programa cada vez mais para a internet? Como?


(02:54:01) Patricia Palumbo: Eu adoraria e tenho muita vontade porque a internet é a melhor rádio hoje em dia. A melhor experiência que tive em rádio foi na BBC fazendo o Vozes do Brasil em inglês e cheguei a receber cartões postais de Singapura. Foi uma série chamada Don't touch that dial com meia hora que se espalhou pelo mundo. Isto é de se guardar para sempre.




(02:51:11) azul: Gostaria de saber como são selecionados os "personagens" para compor seu livro???


(02:56:15) Patricia Palumbo: azul, o Vozes 2 levou quase cinco anos para ser feito. Eu toco todos eles no programa, mas neste a intenção era de ser eclética mesmo. Foi uma coisa pensada entrevistar Ana Carolina com a Jussara Silveira. O projeto original tinha um bônus que era um CD com as entrevistas juntas.
(02:58:57) Patricia Palumbo: Sobre a Ana Carolina: Eu descobri que ela se formou em Letras em Juiz de Fora e trouxe de lá algumas técnicas interessantes como a Oulipo em que ela usa às vezes para fazer sílabas de suas canções. Eu achei super interessante isto. A entrevista foi em sua casa no RJ. As músicas de trabalho da Bethânia e da Mart'nália são da Ana Carolina.
(03:00:53) Patricia Palumbo: Sobre a Rita Lee: Estive em seu estúdio. Ela tem uma boneca inflável... Foi uma das noites mais frias daquela temporada e ela é queridíssima, é muito gostoso conversar com ela. Ela foi pioneira em uma série de coisas na música brasileira como os megashows com grandes estruturas tipo Rolling Stones. E até o formato acústico quando fez o Bossa in Roll.

(02:44:25) azul: nesse v.2 vc foi acompanhada também de vídeo e áudios para fazer tb um doc?


(03:01:44) Patricia Palumbo: azul, não, desta vez não. O documentário foi feito no lançamento do Vozes 1 e é feito nos fundos dos shows.

(02:44:39) Lênio: Boa tarde Tas e Patrícia! Quando será o lançamento do segundo volume do livro "Vozes do Brasil" e que diferenças você destaca neste com relação ao primeiro?


(03:03:30) Patricia Palumbo: Lênio, fizemos uma festa no MIS com a presença de Tom Zé, Jussara Silveira e Pato Fu. A grande diferença é este ecletismo. Neste volume de entrevistas tem os mesmos tipos de perguntas, falando das mesmas coisas.
(03:05:01) Patricia Palumbo: Sobre a Elba Ramalho: Ela me recebeu de manhã em sua casa que é deliciosa e falou muito de um trabalho de assistência e de sua devoção à Nossa Senhora. A entrevista ficou linda, muito bonita.

(02:51:11) sandro: como era trabalhar na antiga rádio musical FM ??


(03:05:58) Patricia Palumbo: sandro, era muito bom, agora tem um portal. Ela ficou só cinco anos no ar e é muito pouco tempo para uma rádio conquistar a audiência. Foi gostoso, com uma equipe muito boa. Eu só peguei o último ano.


(02:55:12) analu: Oi Patricia, todos sabemos que há artistas mais legais e outros mais chatos. Sem querer te botar em saia-justa. Conte pra gente pelo menos de onde são os artistas mais 'maletas'. Do nordeste, do sudeste etc.


(03:09:03) Patricia Palumbo: analu, já que a maiora está no RJ, acho que os mais chatos estão por lá. Às vezes achamos que o artista é super acessível pelo recado que passa em suas canções e quando se chegamos perto vemos que não é bem assim. Por outro lado, há pessoas que são maravilhosas como o Nando Reis, eu pude confirmar um monte de impressões que eu tinha a seu respeito.
(03:10:13) Patricia Palumbo: Eu morei até os 16 anos em São Sebastião. Depois vim estudar história aqui, mas entrei no jornalismo na PUC e abandonei o curso de história.

(02:55:23) Tarantino: No seu livro, como nas entrevistas no rádio e na TV, vc apresenta músicos de variadas vertentes da música brasileira. Vc poderia identificar alguma característica marcante q identificasse a música brasileira, longe do rótulo tradicional de MPB, no qual muitos bons músicos não se enquadrariam?


(03:11:33) Patricia Palumbo: Tarantino, a boa música brasileira tem a essência do tropicalismo, se faz sem preconceito. Temos uma diversidade que foi evidenciada no Tropicalismo, então a nossa música contemporânea é tropicalista.
(03:14:30) Patricia Palumbo: Sobre o tropicalismo: Quando eu falo do trocalismo não falo daquele momento específico de artistas com o Gil e os Mutantes, mas sim de um conceito que não ficou apenas naquilo. Mas podemos usar aquela época como um ícone e esquecer dos anos 90 que foi a época da liberdade, a sedimentação destes conceitos. Então hoje é que se é possível exercitar os conceitos do antropofagismo. Temos o MySpace que é maravilhoso com as molecadas trocando músicas do mundo inteiro.

(02:58:22) Marcia: como foi sua experiência ao entrevistar a Rita Lee?


(03:15:57) Patricia Palumbo: Marcia, foi maravilhoso, estar com ela é sempre incrível. Ela tem uma boneca inflável que fica quietinha no cantinho enquanto a Rita fica fumando muito.

(03:01:20) Srª Marley: Patricia, como nasceu sua relação com a música? a partir de quando você começou a se interessar por MPB?


(03:17:42) Patricia Palumbo: Srª Marley, quando eu era adolescente os discos chegavam em uma Kombi ambulante com um vendendo os LPs. A minha relação com a música veio de casa. Quando entrei na Cultura AM descobri que as canções que eu imagaque a minha mãe estava inventando era clássicos da música brasileira como a "Chiquita Bacana". A minha mãe é filha do Zeca Rocha e professora de alfabetização. E o meu pai veio do RJ trabalhar na construção do porto e depois da Petrobrás.


(03:05:47) Tarantino: uma qualidade da nossa música é a pluralidade, sobretudo nas expressões populares e regionais. Na sua experiência de fazer o programa na BBC, em contato com pessoas de outros países, vc acredita q exista em algum lugar do mundo uma "biodiversidade musical" como a nossa????


(03:18:46) Patricia Palumbo: Tarantino, uma musicodiversidade como a nossa... Como o Brasil, eu nunca vi. Temos um país que é um continente e toda a nossa receptividade nos torna diferente dos outros lugares do mundo.

(03:08:38) Kaw: Patrícia, você percebe algum ponto em comum entre os entrevistados do primeiro volume do vozes e do segundo? No primeiro a gente percebe que alguns artistas até bebem da mesma fonte, por exemplo.


(03:19:38) Patricia Palumbo: Kaw, no primeiro, um influenciava o outro, como Itamar Assumpção e Zélia Duncan, havia uma teia bem formada. No segundo há coisas incomuns e está mais diverso.
(03:21:36) Patricia Palumbo: Sobre a Mônica Salmaso: Ela tem uma voz única, airada e totalmente diferente do que se poderia classificar. Um timbre muito especial. Ela conversa com o piano, baixo e bateria como se fosse mais um instrumento. Os músicos mandam algo mais cabeça e ela devolve outro. Ela se inspirou em Zizi Possi que fez isso na música "Sobre Todas as Coisas". A Zizi Possi é formada em regência.

(03:11:45) Srª Marley: vc irá lançar seu livro em São Sebastião também?


(03:21:57) Patricia Palumbo: Srª Marley, claro, nós vamos sim.

(03:14:12) LEITOR: VC ACHA O QUE DESSA JUVENTUDE DE HOJE JÁ QUE SEU TRABALHO TEM TANTO A VER COM OS JOVENS?


(03:23:10) Patricia Palumbo: Leitor, eu adoro a juventude. Nós temos uma vantagem, que também pode ser desvantagem, que é o acesso a informação muito rápido e que a torna um pouco rasa. Mas por outro lado, eu vejo uma aproximação da juventude brasileira que me encanta e me deixa feliz.


(03:15:13) Tarantino: Cada vez mais, os músicos brasileiros se aproximam dos recursos eletrônicos, seja simplesmente para mixar ou para criar novos efeitos, introduzir samplers, experimentar sons etc. Como vc vê essa apropriação desses recursos pelos músicos brasileiros de hoje?

(03:25:34) Patricia Palumbo: Tarantino, acho maravilhoso, a Fernanda Abreu foi uma das primeiras a utilizar o sampler no Brasil. Ela usada de tudo em sua música e muitíssimo bem. Hoje é possível fazer música em casa.

(03:19:06) Menina: Patricia, tudo bem? O sorvete do Rochinha é o melhor do Universo!!!! Nenhum dos seus entrevistados pensou em fazer uma canção para o sorvete tão delicioso? hahahah BJs

(03:26:09) Patricia Palumbo: Menina, eu não saio distribuindo sorvete para o povo...

(03:20:11) Frank Sinistro: patrícia, qual tem sido o papel dos blogs e sites para a música brasileira?


(03:27:53) Patricia Palumbo: Frank Sinistro, o blog não tenho acessado muito. Mas estou viciada no MySpnce que é uma ferramenta de democratização de acesso. É maravilhoso poder acessar as músicas à vontade. Assim ficamos livres de uma estrutura de marketing de divulgação.

(03:23:32) Marcia: vai ter shows com os entrevistados do livro?


(03:29:03) Patricia Palumbo: Marcia, ainda não sei. No primeiro eu fiz quatro noites de show no Sesc Vila Mariana e depois fui para Brasília e fiquei oito meses, foi uma temporada bem bacana no Teatro da Caixa. Neste eu não pensei nisso, fiquei cinco anos para lançar o livro.

(03:26:31) Tarantino: Patricia, não há dúvidas de q a internet potencializa a antropofagia musical do tropicalismo. Mas poucos brasileiros têm acesso à internet. Vc acha q os jovens q têm acesso à internet já descobriram a nossa música regional e popular, feita por pessoas q não estão na internet?



(03:30:47) Patricia Palumbo: Tarantino, por enquanto é uma das ferramentas mais acessíveis, mesmo que não tenhamos uma grande parcela da população com acesso a internet.

(03:26:39) tatu: O seu programa está bem diferente do ano passado, quais as novidades?


(03:32:48) Patricia Palumbo: tatu, o Vozes do Brasil virou um programa todo ao vivo no estúdio. Estou com uma parceria com o Paulinho Le Petit que tem um estúdio com uma acústica maravilhosa que eu chamo de Salinha São Paulo. Ali eu faço o Vozes do Brasil onde convido músicos para tocar ao vivo. Não toco CD, as músicas são tocadas na hora. O primeiro foi com a Paula Lima e o Nazi, depois tive Luiz Melodia e Mart'nália e também Mariana Aidar e Chico César.

(03:33:18) Patricia Palumbo: Obrigada...

(03:33:21) Geovanna/UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de Patrícia Palumbo e de todos os internautas. Até o próximo! 

Fonte: UOL

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