Ana Carolina canta todas as mulheres em CD


Lixas de unha, esmaltes e outros apetrechos de salão de beleza não seriam exatamente associados à cantora Ana Carolina, principalmente por quem conhece sua furiosa figura de cabelos vermelhos dos shows e da televisão. Mas foram exatamente esses os elementos escolhidos por ela para ambientar o lançamento de seu segundo disco, "Ana Rita Joana Iracema e Carolina" (BMG).

- Minha mãe tem um salão de beleza em Juiz de Fora - diz, enquanto passa uma lixinha nas unhas, mineiramente. - E como esse disco teve a participação decisiva de tantas mulheres, achei que esse era o ambiente certo.

Além da própria Ana Carolina - e aí já são dois nomes femininos em uma mulher só - outras moças estiveram envolvidas na história: Adriana Calcanhotto, que com ela musicou o poema "Dadivosa", de Neusa Pinheiro, que na gravação tem um sample de Maria Bethânia, e "Violão e voz", uma espécie de samba moderno, conta com um vozeirão além do de Ana, o da Marrom Alcione.

- Sempre adorei a voz dela e queria vê-la cantando algo diferente do que normalmente está em seus discos - revela Ana. - E foi o maior astral, adorei gravar e aprendi muito com ela cantando. Arrasou.
As cinco mulheres no nome do CD são lados diferentes da personalidade da cantora.

- Sou muito inconstante, então às vezes sou Iracema, que toca pandeiro e lava chão numa casa de chá, sou Carolina, aquela que não vê o tempo passar pela janela, Ana, que canta com agressividade, a suave Rita, e Joana, que resume todos os meus defeitos.

Ainda nas mulheres, o nome do disco é uma referência a várias músicas de Chico Buarque: "Ana de Amsterdã", "A Rita", "Joana Francesa", "Iracema voou" e "Carolina".

- Acho que Chico é o cara na música brasileira que melhor cantou as mulheres, então faço essa referência - afirma Ana. - Na letra de "Violão e voz" eu lembro "Samba e amor", dizendo que faço samba e amor a qualquer hora.

Em seu primeiro disco, "Ana Carolina", ela regravou "Retrato em branco e preto", clássico de Chico e Tom Jobim. Desta vez, aparece com novas versões da fossa "Que será", de Marino Pinto e Mário Rossi, "Eu nunca te amei idiota", de Alvin L. (gravada pelo antigo grupo do autor, os Sex Beatles, que aliás tinha uma mulher como cantora, Cris Braun) e "Quem de nós dois", versão da italiana "La mia storia tra le dita", de Gean Luca Grignani e Massimo Luca.

Essencialmente, o disco vai na mesma onda do primeiro, com as música baseadas no violão percussivo e na força da voz de Ana. Ela compôs a maior parte do repertório, algumas vezes em parceria com o gaúcho Totonho Villeroy, com quem já trabalhara no disco anterior:

- Não senti pressão por causa do sucesso do primeiro disco (que ultrapassou as 150 mil cópias vendidas). Como passei muito tempo em turnê, deu tempo de compor um monte de músicas. Gravei 15 e queria mais, mas não me deixaram. (Bernardo Araujo)

Fonte: O Globo

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